segunda-feira, 10 de novembro de 2014


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1.   CARREIRA DAS ÍNDIAS


Para dar inicio a parte do contexto Histórico do Bairro de Mata Escura será preciso primeiro fazer um percurso sobre alguns pontos da Historia da Bahia, Salvador até chegar o bairro em questão.
Em primeiro lugar será de suma importância citar sobre a Carreira das Índias que foi de grande relevância para a Bahia no que se refere principalmente à composição da mistura de Salvador, sendo assim:
Considere-se ainda a referência à Carreira das Índias e a potencial junção com as influências orientais, no conjunto das frutas tropicais que hoje reconhecemos como baianas, embora na sua maioria de origem asiática. (MATTA, 2013, p.7)

2.   SALVADOR:

Antes mesmo de se tornar a cidade de Salvador deu-se iniciou a 48 anos de sua fundação oficial. Conforme os portuários existentes na Bahia facilitaram a sua fundação. Em 29 de março de 1549, a armada portuguesa apontava na Vila Velha (porto da Barra), comanda pelo português Diogo Alves conhecido como Caramuru. Sendo assim fundada oficialmente a cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos.
Salvador foi considerada ponto estratégico na defesa e expansão do domínio lusitano ente os séculos XVI e XVIII. Foi a capital do Brasil de 1549 á 1763, ou seja, por volta de 214 anos.
Entre vários grupo Indígenas que viviam em Salvador tinha os Tupinambás. Á princípios eles tinham um bom relacionamento com os portugueses que trocavam a madeira do Pau Brasil por vários tipos de objetos, sendo um deles machado. Com essa ferramenta os Tupinambás perceberam a evolução da extração da madeira “pois levava os Índios a conhecer e participar do modo de produção social” (MATTA, 2013). Isso influenciou em parte do comportamento dos Índios, fazendo com que os mesmos se adaptassem a essa nova forma de viver.
Outros produtos interessantes que também abastecia Salvador era a criação e consumo de gado e as frutas, verduras e produção de couro. O gado não só serviu como alimentos, mas como parte para a expansão das terras de Salvador, comandada pela Casa da Torre, que se localizava em um ponto estratégico e conseguia avistar qualquer embarcação inimiga. Garcia d´Ávila criou um sistema que conseguiu expandir as terras, obtendo aliados, por meio de casamentos dos portugueses com as índias. Os índios por sua vez cuidavam dos animais, plantações, além de bois nos currais, galinhas, carneiros e cabras.


3.   CABULA:
A constituição do bairro do Cabula foi implantada por povos guerreiros de Angola e do Congo. Sendo os primeiros povos escravizados e trazidos ao Brasil para trabalhar na lavoura da cana-de-açúcar, no final do século XVI, mas a queda da produção, as invasões holandesas e francesas fizeram com que os portugueses adentrassem no interior da colônia e encontrassem nas áreas de Minas Gerais uma nova rota de trafico. A sociabilidade do Cabula foi implantada por povos guerreiros de Angola e do Congo, primeiros povos escravizados e trazidos ao Brasil para trabalhar na lavoura da cana-de-açúcar no final do século XVI,
O Cabula foi um dos lugares de Salvador que possibilitou a criação e expansão desta forma social, em 1826 houve a rebelião do quilombo Orobó, próximo às matas de Plataforma, estes quilombolas tinham contato com a sociedade oficial, eram vendedores de frutas, de carnes, ervas medicinais, mandioca, de maneira que é possível pensar que a organização social que havia nestes espaços, não era, apenas, para um lugar de esconderijo, mas um território político-social com líderes e organização militar, social e econômica própria.

O quilombo Orobó foi dizimado, mas muitos quilombolas que escaparam da morte ou da prisão fixaram-se nas matas do Cabula em lugares protegidos, mas o governo da província da Bahia ao retomar as terras quilombolas resolveu vende-las à aristocracia da Bahia, em um dos escritos de Cid Teixeira (1978) aponta a Condessa de Pedrosa como uma das proprietárias (1882) de terras do Cabula. É neste momento que o Cabula passa ser lugar de fazendas e chácaras
Como responsáveis pelo início de socialização do lugar, é possível apontar os povos bantos, oriundos do Congo e Angola, como autores do nome do lugar Cabula, quer dizer em língua banto quicongo lugar de afastamento dos males, pelo menos é este o significado atribuído ao toque que abre as cerimônias litúrgicas das comunidades de Angola, o toque musical tem o nome de Cabula.
Outra referência sobre a presença africana são nomes de lugares como Beiru, Engomadeira, Sussuarana, nomes que têm influências de línguas africanas. No caso Beiru, é oriunda da palavra ioruba igbedú cuja tradução para o português é mata escura. No final do século XIX começa uma modificação no Cabula, a "Campanha de Queimado.", depois chegou à vez da desapropriação de todas as terras que pertenciam ao Mosteiro de São Bento, doação feita por Garcia D'Ávila no século XVI. Com a desapropriação em 1910, a prefeitura passou a vender e arrendar as terras. Daí que pode se dizer a ligação entre Salvador e a Casa da Torre e consequentemente com os bairros citado neste texto, principalmente Mata Escura.
Eldon Araújo diz que o Cabula começou ser vendido pela Baixa do Cabula, onde está a avenida Bairros Reis, Retiro e Rótula do Abacaxi - Mata dos Oitis – Sussuarana – São Gonçalo do Retiro. Havia também a Fazenda Bate Folha na Mata Escura, entre outras. É interessante pensar que todos estes locais eram percorrido por ancestrais de Angola, Congo, Iorubas e Daomé entre outros, assim como ancestrais caboclos afro-indígenas, afro-brasileiros e/ou indígenas que resistiam à colonização, esta resistência se mantém até hoje, há lugares que a memória da África: gestualidade, olhares, palavras, gosto musical, culinária, vestuário, comércio, medicina e a religião são referências da educação africana.

4.   MATA ESCURA:

Sobre a origem do nome do bairro de Mata Escura se tem a suposição de ter vindo da tradução do ioruba igbedú que quer dizer Beiru, cuja tradução para o português é Mata Escura. A segunda suposição é por ter sido um cerrado de Mata Atlântica.
No ano de 1870 o local foi arrendado por Flaviano Manoel Muniz e Maximiano José da Encarnação, de sua proprietária, cujo nome conhecido apenas por Dona Feliciana tendo sido as terras loteadas. No inicio do século XX, ali foi instalado um importante terreiro de Candomblé – O Terreiro Bate Folhas o mais antigo da região. O mesmo tem uma longa historia, visto que é considerado um dos fundadores de Mata Escura, pois segundo relatos dos membros teve sua fundação em 1916.
Com o nome inicial africano Manzo Bandu Kuen Kué, sendo da nação Angolana, representado juridicamente pela Sociedade Beneficente Santa Barbara, tem esse nome porque é de Iansã, Barbara no sincretismo religioso, hoje tombado como patrimônio histórico nacional pelo IPHAN. Na década de 30 já se constava a formação de núcleos de povoamento, com vários casebres, tomando este bairro o primeiro a iniciar a expansão interiorana na capital.
Adicionar legenda
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Ainda nesta época foram construídas, para o abastecimento da cidade, duas represa no Rio Camurugipe que corta o bairro: Prata e Mata Escura projetada pelo grande engenheiro baiano Teodoro Fernandes Sampaio. Sendo assim essas duas bacias fez uma importante ligação entre Salvador e o bairro da Mata Escura. Na década de 50 foi construída a Penitenciaria Lemos de Brito, ainda hoje o maior presidio do estado e possui um importante acervo histórico em seu museu. Com o grande crescimento populacional de Salvador, a Mata Escura foi objeto do avanço urbano, com a instalação em sua área de diversos conjuntos habitacionais, a partir dos anos 80. A construção dos Conjuntos Habitacionais no entorno da área verde nos últimos 30 anos foi, pouco a pouco, devastando a reserva de Mata Atlântica e contaminando os mananciais hídricos.
Transporte durante muitos anos os moradores de Mata Escura precisavam andar até o bairro do Retiro para seguir de transporte coletivo ao Centro. A primeira linha regular veio anos depois com o itinerário: Mata Escura X Terminal da França, via São Caetano, o veiculo tinha o nome de Bagageiro. Lentamente foram sendo instaladas novas linhas e o acesso pôde ser feito também pelo bairro do Cabula, o terminal de ônibus sofreu algumas modificações, sendo instalada no seu local atual em 1981.
Algumas curiosidades do bairro da Mata Escura. Onde hoje está o mercadinho popular sempre havia um circo que era um das atrações da época. O primeiro estabelecimento vender material de construção e ter telefone público o orelhão foi em Isaias que se mantem até os dias atuais. O armarinho de Gilda, por ser o único por muitos anos era também bem conhecido. Em dois em dois meses a primeira Associação do Bairro promovia Discoteca que embalou muito os jovens no sábado tanto do bairro como de adjacência. Neste mesmo espaço tinha ainda cinema, sendo os principais filmes apresentado de caratê e não podia deixar de citar o carnaval que divertia principalmente as crianças no domingo. A chácara de Nair Sabaque, em duas datas especiais dava presente para as crianças: no dia das crianças e no Natal e havia uma pessoa vestida de Papai Noel.


5.   REFERENCIAS:


MATTA, Alfredo. Historia da Bahia: / licenciatura em historia. / Alfredo Matta. Salvador: Eduneb, 2013.



9 comentários:

  1. Oi, Gilda
    Moro perto do Bairro da Mata Escura e não sabia que o seu bairro possui uma história muito interessante, principalmente em relação ao nome, concordo com a segunda opção deve ter sido uma área da Mata Atlântica.

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  2. Interessante saber que onde hoje está o mercadinho popular, havia um circo que era um das atrações da época. Conheço relatos de outros bairros que em épocas passadas contavam com atrativos similares, por exemplo, Paripe a cerca de 50 anos passados, tinha cinema. É uma pena que ao longo do tempo, pontos importantes da cidade desaparecem.Mas que bom que temos pelo menos a oportunidade de contar histórias como essas!!

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  3. Continue com o empenho do seu blog.
    O conhecimento é algo que devemos partilhar, algo que ninguém nos tira.
    Abraços!

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  4. Interessante a história de Mata Escura. E nesse bairro encontra-se o maior presídio do Estado. Curioso é que eu achava que esse nome era porque a mata atlântica era muito densa e ficava escura.Gostei do blog.

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  5. Parabéns pelo blog e pela qualidade metodológica de pesquisa. Vou usar como referência seu blog em um trabalho que estou fazendo sobre Mata Escura e esse seu trabalho foi o m ais completo que encontrei. Eu ficaria muito feliz, caso você possua mais informações relevantes ou não sobre o bairro porque estou com muita dificuldade em encontrar dados... Parabéns, obrigado e bom dia! e-mail: alexnaldo_@hotmail.com / https://www.facebook.com/naldo.palmeira

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  6. Sou moradora do bairro e tinha uma sede onde acontecia festas, discotecas.Eu sou da época q tinha palanque na frente da cede que um homem chamado Raimundo (marreco da cuica) colocava nos carnavais era muito bom etc.

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  7. Muito linda a historia da mata escura .agora eu entendo porquer q gosto da mata escura . q ela se tornou .

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  8. Amei a historia do meu Bairro Principalmente no i início que tem muitas coisas que não sabia nasci e mim criei na Rua São Mateus.mais conhecida como Rua dos Artistas que tinha seu Paraíba vida dos outros a granja de Sr. Epifânio os armazéns se seu Dete e Sr.Dadinnho e etc.muitas coisas boas ia pra o riacho que devidia com a mata aonde hoje é o sto. Inácio muitas frutas no Mato do gato aonde hoje é a Nova Mata Escura em fim desde 1988 moro na Vila Abelardo Magalhães após a chácara da finada Nair sabão. Que quando eramos crianças nós presenteava com brinquedos no Natal ou seja tempo bom que não volta mais

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