Para dar inicio a parte do contexto Histórico do Bairro de Mata Escura será preciso primeiro fazer um percurso sobre alguns pontos da Historia da Bahia, Salvador até chegar o bairro em questão.
Em primeiro lugar será de suma importância citar sobre a Carreira das Índias que foi de grande relevância para a Bahia no que se
refere principalmente à composição da mistura de Salvador, sendo assim:
Considere-se ainda a referência à Carreira das Índias e a
potencial junção com as influências orientais, no conjunto das frutas tropicais
que hoje reconhecemos como baianas, embora na sua maioria de origem asiática.
(MATTA, 2013, p.7)
2.
SALVADOR:
Antes mesmo de se tornar a cidade de Salvador
deu-se iniciou a 48 anos de sua fundação oficial. Conforme os portuários
existentes na Bahia facilitaram a sua fundação. Em 29 de março de 1549, a
armada portuguesa apontava na Vila Velha (porto da Barra), comanda pelo
português Diogo Alves conhecido como Caramuru. Sendo assim fundada oficialmente
a cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos.
Salvador foi considerada ponto estratégico na
defesa e expansão do domínio lusitano ente os séculos XVI e XVIII. Foi a
capital do Brasil de 1549 á 1763, ou seja, por volta de 214 anos.
Entre vários grupo Indígenas que viviam em
Salvador tinha os Tupinambás. Á princípios eles tinham um bom relacionamento
com os portugueses que trocavam a madeira do Pau Brasil por vários tipos de
objetos, sendo um deles machado. Com essa ferramenta os Tupinambás perceberam a
evolução da extração da madeira “pois levava os Índios a conhecer e participar
do modo de produção social” (MATTA, 2013). Isso influenciou em parte do comportamento
dos Índios, fazendo com que os mesmos se adaptassem a essa nova forma de viver.
Outros produtos interessantes que também abastecia
Salvador era a criação e consumo de gado e as frutas, verduras e produção de
couro. O gado não só serviu como alimentos, mas como parte para a expansão das
terras de Salvador, comandada pela Casa da Torre, que se localizava em um ponto
estratégico e conseguia avistar qualquer embarcação inimiga. Garcia d´Ávila
criou um sistema que conseguiu expandir as terras, obtendo aliados, por meio de
casamentos dos portugueses com as índias. Os índios por sua vez cuidavam dos
animais, plantações, além de bois nos currais, galinhas, carneiros e cabras.
A
constituição do bairro do Cabula foi implantada por povos guerreiros de Angola
e do Congo. Sendo os primeiros povos escravizados e trazidos ao Brasil para
trabalhar na lavoura da cana-de-açúcar, no final do século XVI, mas a queda da
produção, as invasões holandesas e francesas fizeram com que os portugueses
adentrassem no interior da colônia e encontrassem nas áreas de Minas Gerais uma
nova rota de trafico. A sociabilidade do Cabula foi implantada por povos
guerreiros de Angola e do Congo, primeiros povos escravizados e trazidos ao
Brasil para trabalhar na lavoura da cana-de-açúcar no final do século XVI,
O Cabula foi um
dos lugares de Salvador que possibilitou a criação e expansão desta forma
social, em 1826 houve a rebelião do quilombo Orobó, próximo às matas de Plataforma, estes quilombolas tinham
contato com a sociedade oficial, eram vendedores de frutas, de carnes, ervas
medicinais, mandioca, de maneira que é possível pensar que a organização social
que havia nestes espaços, não era, apenas, para um lugar de esconderijo, mas um
território político-social com líderes e organização militar, social e
econômica própria.
O quilombo Orobó foi dizimado, mas muitos
quilombolas que escaparam da morte ou da prisão fixaram-se nas matas do Cabula
em lugares protegidos, mas o governo da província da Bahia ao retomar as terras
quilombolas resolveu vende-las à aristocracia da Bahia, em um dos escritos de
Cid Teixeira (1978) aponta a Condessa de Pedrosa como uma das proprietárias
(1882) de terras do Cabula. É neste momento que o Cabula passa ser lugar de
fazendas e chácaras
Como responsáveis
pelo início de socialização do lugar, é possível apontar os povos bantos,
oriundos do Congo e Angola, como autores do nome do lugar Cabula, quer dizer em
língua banto quicongo lugar de afastamento dos males, pelo menos é este o
significado atribuído ao toque que abre as cerimônias litúrgicas das
comunidades de Angola, o toque musical tem o nome de Cabula.
Outra referência
sobre a presença africana são nomes de lugares como Beiru, Engomadeira,
Sussuarana, nomes que têm influências de línguas africanas. No caso Beiru, é
oriunda da palavra ioruba igbedú cuja
tradução para o português é mata escura. No final do século XIX começa uma modificação no Cabula, a
"Campanha de Queimado.", depois chegou à vez da desapropriação de
todas as terras que pertenciam ao Mosteiro de São Bento, doação feita por
Garcia D'Ávila no século XVI. Com a desapropriação em 1910, a prefeitura passou
a vender e arrendar as terras. Daí que pode se dizer a ligação entre Salvador e
a Casa da Torre e consequentemente com os bairros citado neste texto,
principalmente Mata Escura.
Eldon Araújo diz
que o Cabula começou ser vendido pela Baixa do Cabula, onde está a avenida
Bairros Reis, Retiro e Rótula do Abacaxi - Mata dos Oitis – Sussuarana – São
Gonçalo do Retiro. Havia também a Fazenda Bate Folha na Mata Escura, entre
outras. É interessante pensar que todos estes locais eram percorrido por
ancestrais de Angola, Congo, Iorubas e Daomé entre outros, assim como
ancestrais caboclos afro-indígenas, afro-brasileiros e/ou indígenas que
resistiam à colonização, esta resistência se mantém até hoje, há lugares que a
memória da África: gestualidade, olhares, palavras, gosto musical, culinária,
vestuário, comércio, medicina e a religião são referências da educação
africana.
4.
MATA ESCURA:
Sobre a origem do nome do bairro de Mata Escura se tem a
suposição de ter vindo da tradução do ioruba igbedú que quer dizer
Beiru, cuja tradução para o português é Mata Escura. A segunda suposição é por
ter sido um cerrado de Mata Atlântica.
Com o nome inicial africano Manzo Bandu Kuen Kué, sendo da nação Angolana, representado juridicamente pela Sociedade Beneficente Santa Barbara, tem esse nome porque é de Iansã, Barbara no sincretismo religioso, hoje tombado como patrimônio histórico nacional pelo IPHAN. Na década de 30 já se constava a formação de núcleos de povoamento, com vários casebres, tomando este bairro o primeiro a iniciar a expansão interiorana na capital.
Adicionar legenda |
A |
Transporte durante muitos anos os moradores de Mata
Escura precisavam andar até o bairro do Retiro para seguir de transporte
coletivo ao Centro. A primeira linha regular veio anos depois com o itinerário:
Mata Escura X Terminal da França, via São Caetano, o veiculo tinha o nome de
Bagageiro. Lentamente foram sendo instaladas novas linhas e o acesso pôde ser
feito também pelo bairro do Cabula, o terminal de ônibus sofreu algumas modificações,
sendo instalada no seu local atual em 1981.
Algumas curiosidades do bairro da Mata
Escura. Onde hoje está o
mercadinho popular sempre havia um circo que era um das atrações da época. O
primeiro estabelecimento vender material de construção e ter telefone público o
orelhão foi em Isaias que se mantem até os dias atuais. O armarinho de Gilda,
por ser o único por muitos anos era também bem conhecido. Em dois em dois meses
a primeira Associação do Bairro promovia Discoteca que embalou muito os jovens
no sábado tanto do bairro como de adjacência. Neste mesmo espaço tinha ainda
cinema, sendo os principais filmes apresentado de caratê e não podia deixar de
citar o carnaval que divertia principalmente as crianças no domingo. A chácara
de Nair Sabaque, em duas datas especiais dava presente para as crianças: no dia
das crianças e no Natal e havia uma pessoa vestida de Papai Noel.
5.
REFERENCIAS:
MATTA, Alfredo. Historia da Bahia: / licenciatura em historia. / Alfredo Matta. Salvador: Eduneb, 2013.